É referido na Introdução ao livro o acontecimento que lhe deu génese: as reações mediáticas críticas à leitura, em ambiente litúrgico e alvo de transmissão televisiva, da passagem da Carta aos Efésios (5, 21-33) que medita a relação entre a mulher e o homem à luz do mistério de Cristo e da Igreja. Urge, assim, aprofundar o modo como São Paulo compreendeu o mistério e o lugar da mulher na missão da Igreja e na história da salvação. Tal é o trabalho desenvolvido pelo autor, biblista exímio e pastor atento, com grande detalhe.
O autor move-se pelo método histórico-crítico, expondo as várias camadas que constituem as Cartas de São Paulo, desde as camadas elaboradas pelo próprio até aos elementos que constituem uma exposição fiel do seu pensamento. Daí brota a constatação fundamental: não apenas Paulo encontrou em diversas mulheres, designadas pelo nome próprio, colaboradoras do seu ministério, como também interpretou, de um modo radical para o seu tempo, o seu lugar em plena igualdade de dignidade à luz do plano de Deus realizado em Cristo, tendo por pano de fundo o Primeiro Testamento. Recorrendo ao único caminho capaz de vencer preconceitos – o estudo rigoroso e atento –, este livro constitui uma fonte sólida de compreensão de um pensamento complexo e fecundo como é o de Paulo. Cabe ao leitor saciar-se deste alimento.
Salientaremos devidamente, e mostraremos, a grande estima e apreço do Apóstolo pelas mulheres suas cooperadoras no trabalho duro e exigente da missão, em nada objeto de qualquer discriminação. Nos textos de teor reflexivo, vincaremos sobretudo que em nenhum caso se trata de subestimação da mulher em relação ao homem, mas de diferenciação de funções num mundo já então muito confuso neste domínio
Título: As Mulheres nas Cartas de São Paulo
Autor: António Couto
Edição: Aletheia
Páginas: 130