Pelas Edições 70 chega-nos Elogio da Felicidade, de Victoria Camps, filósofa espanhola, professora catedrática de Filosofia Moral e Política na Universidade Autónoma de Barcelona e conselheira de Estado permanente. O que é a felicidade? É alcançável? O que tem a filosofia a aportar de concreto para uma vida feliz? O que pensaram e escreveram filósofos, santos, pensadores, psiquiatras e escritores desde o mundo helénico até aos nossos dias? De que modo a economia e os avanços científicos têm alterado a ideia de felicidade?
Partindo de Aristóteles, a autora explora e atualiza a ideia filosófica segundo a qual a felicidade está ligada a uma vida boa, que “consiste numa vida por fazer, em projeto e em transformação (…) uma vida sábia, capaz de sobrelevar o peso das circunstâncias e de manter o entusiasmo”. Contrapõe a esta vida boa, a vida virtuosa, a boa vida, que procura o sucesso, a riqueza e as honras. Não esquece que a vida boa de um indivíduo está ligada à vida boa coletiva, ou seja, que a ética é também política, que a felicidade individual é indissociável da felicidade coletiva. Muito distante dos livros de autoajuda, Camps não nos dá receitas, técnicas para ser feliz, porque segundo a autora a busca da felicidade supõe que somos seres imperfeitos, contraditórios, paradoxais, que duvidamos, “indecisos e ignorantes formados pela experiência, fazendo e desfazendo, equivocando-se e retificando”.
Uma obra englobante, basilar, para ler e refletir, que abre de forma cativante a porta a um filão de escritos, desde Aristóteles até aos nossos dias, porque “podemos equivocar-nos na busca, mas o nosso objetivo é viver melhor do que vivemos. Querer ser feliz é, portanto, o fim mais perfeito, aquele que se busca por si mesmo”.
Título: Elogio da Felicidade
Autor: Victoria Camps
Edição: Edições 70
Páginas: 224