O escândalo da pobreza

No mês passado, celebrámos o Dia Mundial dos Pobres; neste celebramos Deus, que se tornou pobre para nos enriquecer!

O mundo proclama felizes os ricos e os que podem ter e fazer tudo o que querem. Deus proclama bem-aventurados os pobres e os humildes! Há algo que não bate certo nestas posições, pois elas afirmam o oposto. Onde está, então, a verdade?

O profeta anunciou a vinda do Messias assim: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles” (Is 9,1). Quer dizer, o mundo está nas trevas, está cego e, por isso, não vê, anda às apalpadelas e precisa de se agarrar às coisas e a tudo o que o rodeia; desconfia de tudo e de todos e está unicamente preocupado consigo mesmo. Pelo contrário, o Messias, anunciado como a luz que rasga as trevas, é aquele que permite ver a realidade como ela é, isto é, a obra bela da criação e a possibilidade de renová-la e torná-la ainda melhor. Só é necessária uma coisa: acreditar no Filho do homem e seguir os seus passos.

Jesus, o Messias, ao vir ao mundo, tornou-se pobre, revestiu a nossa carne tornando-se servo e dando a vida por cada um de nós. Jesus, o enviado do Pai “que ouve e atende o grito dos pobres”, disse que “só quem se tornar pequeno como ele poderá entrar na bem-aventurança eterna”. Daqui a nossa escolha: ou Ele ou o dinheiro, pois não podemos servir a dois senhores!

O Papa Francisco, na homilia do Dia Mundial dos Pobres, afirmou que “o grito dos pobres torna-se cada dia mais forte, mas também menos ouvido, por causa do barulho dos poucos ricos, que são cada vez menos, mas sempre cada vez mais ricos”. O Papa, a este ponto, lança uma pergunta: “temos olhos para ver, ouvidos para ouvir, mãos estendidas para ajudar?”.
Viverá com alegria e com fruto o Natal, não quem mergulhar no barulho das festividades, dos presentes, dos banquetes, das “ceias” convencionais, das luminárias e das diversões, mas quem estiver atento ao grito dos pobres e se tornar sensível a tantas situações de injustiça, de lágrimas e de sangue que inundam a nossa pobre humanidade e clamam por justiça. Diz ainda o Papa Francisco:

Benditas as mãos que se abrem para acolher os pobres e para os socorrer: são mãos que trazem esperança. Benditas as mãos que superam todas as barreiras da cultura, da religião e da nacionalidade, e derramam o óleo da consolação sobre as chagas da humanidade. Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem “se”, “mas” ou “talvez”: são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus!

Santo Natal e Feliz ano novo.


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