Por ocasião da celebração do centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima ensaiámos algumas pistas de reflexão sobre o papel da Mulher na Igreja. Porque se trata de uma questão importante e atual, não por ser ou estar na moda, mas por ter a ver com a maneira como vivemos a nossa identidade e missão, vamos durante este ano continuar esse caminho.
Por ocasião da celebração do centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, tivemos a oportunidade de refletir não só sobre esse acontecimento e a sua mensagem, mas, sobretudo, de dirigir o nosso olhar sobre a figura de Maria, de modo a podermos, uma vez mais, deixar-nos envolver pelas maravilhas que nela Deus fez.
Nesse exercício, sublinhámos também a condição feminina de Maria e a partir dela ensaiámos algumas pistas de reflexão sobre o papel da Mulher na Igreja. Porque se trata de uma questão importante e atual, não por ser ou estar na moda, mas por ter a ver com a maneira como vivemos a nossa identidade e missão, vamos, durante este ano, continuar esse caminho.
Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, na qual se dirige aos fiéis cristãos, convidando-os para uma nova etapa evangelizadora e apontando caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos, o papa Francisco, ao identificar alguns dos desafios eclesiais que devem ser enfrentados, afirma o seguinte:
A Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens. Por exemplo, a especial solicitude feminina pelos outros, que se exprime de modo particular, mas não exclusivamente, na maternidade. Vejo, com prazer, como muitas mulheres partilham responsabilidades pastorais juntamente com os sacerdotes, contribuem para o acompanhamento de pessoas, famílias ou grupos e prestam novas contribuições para a reflexão teológica.
Mas ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja. Porque “o génio feminino é necessário em todas as expressões da vida social; por isso deve ser garantida a presença das mulheres também no âmbito do trabalho” e nos vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais.
A questão não é, pois, de moda, mas tem a ver com o caminho que a Igreja é chamada a percorrer. Não há, pois, como não enfrentá-la e refleti-la com seriedade e serenidade.
É preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja
Contribuir para essa reflexão é o que nos propomos fazer. Tentaremos fugir à banalidade e aos lugares comuns e, mais do que apresentar soluções e posições acabadas, partilharemos interrogações e reflexões que ajudem os nossos leitores a também eles se envolverem neste exercício. Reflexões, entrevistas, apontamentos históricos e até pequenos contos que narrem experiências de vida constituirão este dossier, que ao longo do ano iremos fazendo chegar às vossas mãos.