O Santo casamenteiro

No mês de junho não podemos deixar de falar das festas de Santo António. E são várias as tradições associadas a Santo António, como os arraiais, as marchas populares, ou os Tronos de Santo António que se armam em Lisboa. Mas uma das tradições mais populares é a dos Casamentos de Santo António, evento de cariz social que se realiza no dia 12 de junho na Catedral de Lisboa.

Esta cerimónia evoca o padroado de santo casamenteiro, divulgado sobretudo na Península Ibérica e nos países de evangelização portuguesa e espanhola.

Tem origem nas festas pré-cristãs do solstício de verão (próximo do dia 24 de junho) que celebravam a fertilidade e a abundância, e que serão integradas no culto popular a São João, estendendo-se depois a Santo António e a São Pedro.

Talvez por isso, já em 1629 foi instituído na Igreja de Santo António em Lisboa, por legado de Francisco da Rocha, a oferta de um dote a uma órfã que teria de casar no dia de Santo António.

Mas este padroado poderá estar ligado também ao facto de Santo António defender a santidade do matrimónio numa época em que a Igreja Católica declarava solenemente este sacramento como resposta à heresia cátara.

Segundo a tradição, Santo António era também um excelente conciliador de casais e muitos dos milagres que lhe são atribuídos lembram a sua proteção às raparigas pobres que queriam casar, mas que não tinham dinheiro para o dote.

É por isso invocado para resolver casos amorosos, para obter, desenvolver ou manter o amor desejado, e é considerado um promotor e defensor do casamento, sendo solicitado através de inúmeras fórmulas ou mesmo sujeito a práticas de coerção mais ou menos violentas. Para isso, uma imagem de Santo António era mergulhada em poços ou colocada em bacias de água quando demorava a atender os pedidos. Outras vezes as raparigas solteiras prendiam a imagem do Santo à perna da mesa, deixavam-no ao relento ou voltado para a parede, ou tiravam a imagem do Menino Jesus do colo até que se cumprisse o pedido.

Mais recentemente, é costume lançar uma moeda à estátua de Santo António que existe junto à sua igreja em Lisboa. Se a moeda ficar no livro aberto que o Santo tem na mão, o casamento está para breve.

São tradições muito antigas que lembram uma relação especial que existe com Santo António e que o tornam num dos santos mais queridos e populares do mundo.

Foto da capa: Casamentos de Santo António. Foto © Armindo Ribeiro/CML

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