Somos convidados, hoje, a viver no tempo aquilo que somos, como se se tratasse da eternidade… O tempo é relativo e ajuda-nos a encontrar e a redimensionar o valor das coisas. Muitas vezes tocamos o tempo, como o limite, que põe fronteiras aos sonhos e projetos da nossa vida. Mas o tempo é tudo o que temos para viver a nossa vida, para realizar a nossa vocação, para desenhar os nossos projetos, para sermos felizes!
E este é o único desejo que Deus tem para cada homem e para cada mulher! É neste tempo, que Deus nos oferece viver, que experimentamos o desejo de eternizar tudo o que de bom nos acontece. Ao viver a nossa vida, realizando plenamente o plano que Deus tem para nós, responsabilizando-nos por tudo o que somos e fazemos, estamos a colaborar na continuidade da bela obra da criação. “Deus viu que era bom”!
Nesta constante obra da criação, é preciso, também, viver num eterno adeus, ou seja, numa atitude madura de saber morrer para dar vida. Numa cultura onde se fala tanto de morte, não sabemos morrer, para gerar mais vida. Precisamos aprender a “morrer” com humildade, aprender a não estar agarrados às coisas, que nos vão aprisionando, impedindo-nos de ver mais longe.
Vivemos um tempo de correrias, de alienação, que mata o nosso Ser. Esquecemo-nos de viver este tempo, como um lugar de encontro, com o Outro, comigo e com os outros, para gerar um futuro melhor. Precisamos de nos libertar dos fantasmas do passado e de nos reconciliar com a nossa história presente, preparando um futuro com alicerces. Deixamos de viver o momento presente, porque, ora estamos agarrados a um passado que já não existe, ora a um futuro que tão pouco existe e o presente, que é o único que existe, passa-nos desapercebido entre os dedos das nossas mãos.
Ouvimos dizer muitas vezes que o passado tem de ser olhado com compaixão, para dele aprendermos com os erros que cometemos e no presente, prepararmos o futuro, evitando cometer os erros do passado. Mas, para podermos caminhar de forma livre, primeiro temos de nos reconciliar, perdoar, assimilar, para que a graça regeneradora, possa gerar vida. E vida em abundância.