Para nascer Portugal, para morrer o mundo

Neste ano de 2020 assinalam-se os 800 anos da partida de Santo António de Portugal. É uma data importante na vida de Santo António, que no ano de 1220 iria mudar radicalmente de vida.

Em 1219, tinha conhecido os cinco frades franciscanos que haviam passado por Coimbra a caminho de Marrocos para evangelizar e onde seriam martirizados, a 16 de janeiro de 1220. Em abril/maio desse ano os restos mortais destes cinco mártires chegam a Coimbra e são colocados na Igreja de Santa Cruz, onde residia o ainda crúzio Fernando de Bulhões.

É aí que decide tornar-se franciscano e partir para evangelizar, seguindo as pegadas do martírio dos cinco frades emissários de São Francisco.

Na primavera de 1220, consegue autorização para deixar a faustosa Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e vestir o singelo burel dos frades menores. Muda o nome para António e, finalmente, no outono, parte para Marrocos em missão apostólica.

400 anos depois Padre António Vieira exalta o desígnio desta vontade. No sermão de Santo António, pregado na Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, depois da restauração da independência nacional de 1640, proclama a importância de Santo António para a honra e grandeza dos portugueses.

Santo António, entendido como luz do mundo, teve de partir de Portugal: saiu para ser grande e porque era grande saiu. 

E Vieira continua: nascer pequeno e morrer grande é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento e tantas para a sepultura. Para nascer, pouca terra; para morrer, toda a terra. Para nascer, Portugal, para morrer, o mundo.

Em 2020, esta mensagem permanece atual e Santo António, de há 800 anos, simboliza esse espírito e atitude que se mantém em muitos portugueses espalhados pelo mundo.

Foto da capa: Painel de azulejos na Calçada do Correio Velho (freguesia de Santa Maria Maior, Lisboa), em homenagem ao Padre António Vieira nascido na freguesia da Sé, antiga rua dos Cónegos, a 6 de Fevereiro de 1608, nas comemorações dos 400 anos do seu nascimento. Prod. Viúva Lamego – Aleluia Cerâmica. 

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