Prisciliano, um cristão livre

A figura de Prisciliano permanece desconhecida para a grande maioria dos que vivemos a experiência crente no seio da Península Ibérica; e trata-se, no entanto, de uma das maiores figuras da sua história. Bispo de Ávila no século quarto da era cristã, Prisciliano é considerado o primeiro cristão a ser condenado à morte por um tribunal eclesiástico, num processo que viria a ser um precedente para a futura Inquisição.

Oriundo da Galécia –província romana que tinha os seus limites no rio Douro e cuja capital era a atual cidade de Braga –, Prisciliano foi um cristão reformador, iniciador de um movimento espiritual com um eco notável na população daquela região. A comunhão com a natureza, a liberdade dos vínculos institucionais, a igual dignidade do homem e da mulher na atuação eclesial e a defesa da pobreza evangélica foram algumas das caraterísticas deste movimento ao qual aderiram leigos, presbíteros e bispos ibéricos. O conturbado período do fim do Império Romano e da cada vez maior união entre a hierarquia eclesiástica e o poder imperial fizeram com que o movimento iniciado por Prisciliano encontrasse a resistência e finalmente a perseguição.

Nesta obra, Victorino Prieto apresenta-nos um estudo bem fundamentado e com uma linguagem acessível sobre a biografia, o pensamento e o legado de Prisciliano na cultura da Galiza e do norte de Portugal. Muitas das características da religiosidade popular advêm do legado deste cristão e bispo, segundo o autor. Uma obra que ajudará o leitor a mergulhar nas origens do cristianismo na nossa Península.

«Falar de Prisciliano é falar ao mesmo tempo de uma figura carismática capaz de mobilizar multidões, um “mártir apócrifo” canonizado pelo povo, um teólogo genial, durante muito tempo desvalorizado por ser considerado herege e mais tarde novamente aceite e valorizado como reformador da Igreja, um “profeta contra o poder”… mas também um símbolo e ainda um mito necessário para a Galiza».

Obra: Prisciliano, um cristão livre
Autor: Victorino Pérez Prieto
Edição: Editorial Novembro
Páginas: 342

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