Responso de Santo ANtónio

O responso a Santo António é talvez o hino mais famoso dedicado a Santo António, evocando o mais conhecido dos seus padroados, recuperar os objetos perdidos, bem mais antigo que a fama de casamenteiro que se generalizou a partir do século XIX.

A autoria do responsório Si quaeris miracula (Se milagres desejais) é do poeta músico Fr. Juliano de Espira, que o integrou no ofício litúrgico de Santo António que compôs em 1235, embora por vezes surja relacionado a S. Boaventura, que é autor de vários hinos em louvor a Santo António.

A relação com a recuperação dos objetos perdidos tem várias explicações. Pode estar relacionado com alguns dos milagres atribuídos a Santo António, especialmente o da recuperação do Saltério que tinha sido roubado por um noviço, e que após as orações do Santo o veio devolver, ou do milagre do copo de vidro partido e do vinho derramado que Santo António restituiu. Mas pode também ter tido origem numa ambiguidade da língua francesa com o nome de Santo António de Pádua (antigamente em França chamavam-lhe Antoine de Pade ou Pave, abreviatura de Pádua, o que permitiu o trocadilho com a palavra épave, que se refere aos bens perdidos de quem não se conhece o proprietário).

Em Portugal são inúmeras as variantes deste responso, utilizado para recuperar coisas desaparecidas, mas também animais ou mesmo amores perdidos. Nos seus estudos, Leite de Vasconcelos salientava que mesmo que uma pessoa o soubesse, era prática pedir a algum vizinho que o rezasse. Se durante a reza houvesse algum engano, era indício de mau agouro; e, se ao acabar de se rezar, os cães ladrassem, era bom sinal.

Divulgado em pagelas e folhetos religiosos, ainda hoje a igreja de Santo António de Lisboa mantém o costume de rezar o responso no final da missa de 3ª feira, dia de especial devoção antoniana.

Pormenor com o texto do responso da Litografia com o Retrato do glorioso Santo António de Pádua, da Igreja de Aracoeli em Roma, editado em Lisboa,1914, com o responso a Santo António em português e latim.
Museu de Lisboa – Santo António MA.GRA.158.
Pormenor com o texto do responso. Litografia com o Retrato do glorioso Santo António de Pádua, da Igreja de Aracoeli em Roma, editado em Lisboa,1914, com o responso a Santo António em português e latim. Museu de Lisboa – Santo António MA.GRA.158.

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