Santo António de Lisboa, de Coimbra, de Pádua

Frei Domingos Celebrin, em Santo António dos Olivais, Coimbra e Frei Jorge Marques, em Lisboa. Entrevista à Agência Ecclesia, no dia de Santo António, no Programa 70X7, 13 de junho de 2021. Entrevista conduzida por Paulo Rocha e Henrique Matos.

Frei Domenico Emilio Celebrin, pároco de Santo António dos Olivais, em Coimbra, disse que a devoção a Santo António é feita pelas pessoas “simples e humildes”, que procuram o Santo “para chegar a Deus”.

As pessoas sentem que Deus vive aqui e é aqui que temos de jogar a nossa vida e transformar o mundo, pois o que afinal Jesus veio fazer é tornar este mundo melhor. António ajudou as pessoas a fazer isto, por isso as pessoas amam tanto Santo António”, explicou à Agência ECCLESIA o frade italiano, em Portugal há 16 anos.

Em Coimbra, onde Santo António tomou o hábito franciscano e assumiu o seu novo nome, são muitos os peregrinos que procuram encontrar sinais e conhecer os locais por onde há cerca de 800 anos, Fernando de Bulhões se encantou com o percurso dos “mártires de Marrocos” e os quis seguir.

Santo António veste o hábito franciscano – Sacristia Quadro de Pascoal Parente (1796)
Santo António veste o hábito franciscano – Sacristia da Igreja de Santo António dos Olivais, Coimbra. Quadro de Pascoal Parente (1796).

“Nos últimos tempos, antes da pandemia, tinham aumentado os peregrinos, vindos de todo o mundo: Portugal, Itália, Irlanda, Estados Unidos da América, Malta, estão em maioria. Alguns das Filipinas e indianos. Alguns cristãos, outros nem sequer são cristãos, que perguntam pelo quarto de Santo António, querem ver o quadro onde Santo António veste o hábito franciscano, e temos uma pequena relíquia e pedem para ser abençoados com a relíquia de santo António. São coisas simples, as pessoas precisam de sinais”, explica.

À entrada da igreja de Santo António dos Olivais, uma caixa “Cartas a Santo António”, recebe as missivas escritas a pedir graças, orações ou a “tratar o santo por tu, como se fosse uma pessoa viva, tal como um santo que vive perto e intercede junto de Deus”.

“Peço-te, para além da saúde, que é das primeiras coisas que lhe pedem – pela minha avó, socorro na sua doença e sofrimento, afasta a sua dor, que se restabeleça e viva com a nossa família; peço-te Santo António pelos meus familiares, que vivem uma dificuldade de relacionamento, ajuda-os; Senhor e Santo António, peço-te pelo irmão que está doente oncológico e amanhã vai fazer uma operação. São exemplos, as perguntas e pedidos de sempre, de pessoas simples, puras de coração e que confiam em Deus”, conta frei Domenico, recordando algumas das cartas recebidas.

Também em Pádua, no local onde a Basílica recebe os restos mortais de Santo António, são muitos os peregrinos que procuram aproximar-se das relíquias que ali permanecem, “a língua intacta e o queixo”.

“A devoção em Itália é a um santo menos casamenteiro, mas é sempre a mesma: das pessoas simples, humildes”, conta.

Em 1980, quando foi aberta a urna com os restos mortais de Santo António, encontrou-se o aparelho fónico intacto, o que Frei Domenico Celebrin reconhece ser um “pequeno sinal” de quem “tanto anunciou o Evangelho e tão apaixonado foi pelas obras de Deus”.

Santo António nasceu em Lisboa, em 1195, numa casa situada a poucos metros da Sé de Lisboa; entrou no Mosteiro Agostiniano de São Vicente de Fora, onde viveu durante dois anos antes de integrar a comunidade dos Cónegos Regrantes (ou Agostinianos) do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.

Em 1220, Fernando deixou o Mosteiro de Santa Cruz para integrar a ordem dos franciscanos, em Santo António dos Olivais, onde assumiu o nome de António, pelo qual é hoje conhecido.

Depois da sua missão frustrada em Marrocos, encontrou-se com São Francisco, no Capítulo das Esteiras, em Assis, na primavera de 1221.

Mais tarde destacou-se no Sul de França e Norte de Itália, como pregador incansável, defensor dos pobres e primeiro professor de Teologia da ordem franciscana recém nascida; faleceu a 13 de junho de 1231 e foi sepultado em Pádua, tendo a sua fama de santidade levado o Papa Gregório IX a canonizá-lo, a 30 de maio de 1232.

Em 1946, Pio XII proclamou-o “doutor da igreja universal”, com o título de Doctor Evangelicus (Doutor Evangélico).

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