Frei Pedro Lagarto

É um exemplo vivo e testemunho fiel do verdadeiro espírito de frei Martinho de Santa Maria. Natural de Setúbal, onde nasceu no ano de 1524, um dia, subiu a serra da Arrábida, na companhia de seus pais, e visitou o convento. Foi a vida e a austeridade da vida dos religiosos que viviam no primitivo convento que o convenceram a desejar experimentar aquela regra e vida de oração e mortificação.

Vestiu o hábito de irmão donato (irmão não clerical e que serve a comunidade nos serviços mais humildes: cozinheiro, padeiro, poteiro, sacristão e outros).

Foi irmão noviço no convento da Arrábida, quando era Custódio o irmão frei João Calvo. O cronista, António da Piedade, refere que foi frei Martinho que o aceitou e não frei João Calvo. Foi um irmão alegre, humilde, austero nos costumes das normas que se viviam no convento.

Professou a regra e a vida dos frades menores e as normas dos estatutos da província da Arrábida, com a idade de 18 anos. Era o “campeão” na vida penitente, nas vigílias noturnas, nos jejuns de todos os dias. Querendo imitar os irmãos mais velhos e mais penitentes.

Por morte do fundador foi mandado para a cidade de Salamanca estudar Teologia na companhia de frei Jácome Peregrino. Diz-nos a crónica que na Universidade foi um aluno brilhante, para assim poder pregar a palavra e, pelo exemplo, salvar e atrair muitas almas para Deus. Dedicou-se à pregação, mas não queria ser apenas pregador de festas. Muito do seu tempo era passado no coro, no confessionário e no estudo da Sagrada Escritura. A crónica alude que escreveu, em língua latina, uma obra sobre a Sagrada Escritura.

Foi Guardião e, nessa missão, procurou com o exemplo e com a palavra ser para os seus confrades a imagem do seu fundador e das almas eleitas. Diz a crónica que castigou o cozinheiro por ter cozinhado e dado à comunidade um pato à refeição, sabendo pelos estatutos que não lhe era permitido dar carne aos religiosos, a não ser aos irmãos enfermos.

Foi nomeado visitador da província franciscana da Piedade e no convento de São Vicente recebeu o rei D. Sebastião. Foi também visitador e reformador de alguns conventos de irmãs clarissas, sofrendo alguns dissabores…

Foi nomeado Vigário Provincial pela renúncia do ministro frei Francisco de Santo António. Era partidário de D. António, Prior do Crato, como verdadeiro Rei de Portugal e não de Filipe II, de Espanha. Por essa razão foi mandado para o convento de Alcobaça, convento da Xaqueda.

Morreu a 28.07.1590 e foi sepultado na capela mor do lado do Evangelho. Vinte anos após a sua morte, abriu-se a sua sepultura e o seu corpo ainda estava intacto, conforme refere o cronista.

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