António de Pádua, o santo mais conhecido e amado de todos, viveu num tempo muito afastado, há mais de oito séculos e passou a primeira parte da sua vida em Portugal, considerado na Idade Média, nos confins do mundo.
Tendo nascido provavelmente, em 1195, em Lisboa, veio estudar para Coimbra, então capital do reino, em 1211, teria os seus 16 anos, e aqui viveu até 1220.
Apresentamos de forma resumida os principais lugares que marcaram a sua vida. Poderá ver estes quadros em exposição, durante todo o Jubileu 2020, na Igreja de Santo António dos Olivais, em Coimbra e nos claustros superiores do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.

Fernando Martins de Bulhões (Santo António) nasceu, em Lisboa, por volta de 1195, e fez os primeiros estudos junto à Sé.
O lugar onde nasceu encontra-se na cripta da atual igreja de Santo António de Lisboa, próxima da Sé.
A igreja original foi destruída pelo terramoto de 1755. A nova igreja, iniciada em 1775, é um edifício barroco tardio e pombalino.
Em 1995, a igreja foi renovada para o VIII Centenário do Santo.

O mosteiro que hoje se ergue no cimo do bairro de Alfama começou a ser construído em 1582 e ficou concluído em 1627.
No tempo de Santo António havia, no local, um primitivo templo mandado construir por D. Afonso Henriques, dedicado a São Vicente. São Vicente foi proclamado padroeiro de Lisboa, em 1173, quando as suas relíquias foram transferidas do Algarve para uma igreja fora das muralhas da cidade. Oficiavam nesta igreja os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
Santo António, aos 15 anos, entra no Mosteiro de São Vicente de Fora, onde prossegue os seus estudos.

O mosteiro de Santa Cruz de Coimbra foi fundado, em 1131, pelo Arcediago D. Telo, juntamente com D. João Peculiar, S. Teotónio e outros religiosos, que adotaram a regra dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. S. Teotónio foi o primeiro Prior do Mosteiro e o primeiro Santo de Portugal.
Por volta de 1211, Fernando Martins de Bulhões ingressa neste mosteiro e aqui completa a sua formação. Por volta de 1219, é ordenado sacerdote.
Em 1220, chegam ao Mosteiro as relíquias dos Mártires de Marrocos. Fernando decide imitar o seu exemplo, torna-se franciscano e assume o nome de António.

No pequeno ermitério de Santo Antão, doação da rainha D. Urraca, viviam os primeiros franciscanos chegados de Itália, em 1217.
Três anos depois, em 1220, os frades tiveram a alegria de acolher Frei António, desejoso de seguir o carisma de Francisco de Assis e dos Mártires de Marrocos.
Após a canonização de Frei António, foi aqui erigida uma capela. No século XVI, foi ampliada e construído um convento franciscano.
Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, os franciscanos só regressariam, desta vez vindos de Pádua, em finais de 1974.

O sonho missionário de frei António naufragou junto ao Cabo Milazzo, na ilha da Sicília.
Neste lugar teve a oportunidade de conhecer melhor os franciscanos da cidade de Messina, que o alertaram para o próximo Capítulo Geral da Ordem, em Assis.
De imediato, António dirigiu-se para lá.
O local onde Santo António ficou abrigado, em Cabo Milazzo, foi transformado em lugar de culto, já em 1232, e, em 1575, assumiu a configuração de santuário Antoniano.

Frei António, chegado a Assis, encontra uma multidão de irmãos: mais de 3 mil, reunidos ao redor da pequena igreja (Porciúncula) de Santa Maria dos Anjos, entregue pelos Beneditinos a Frei Francisco e aos seus frades.
O Capítulo Geral decorreu de 30 de maio a 8 de junho de 1221. Foi um grande acontecimento de comunhão, solidariedade, fervor do Espírito, zelo evangélico e serviço fraterno.
Findo o Capítulo, frei António foi destinado para o ermitério de Montepaolo, no Norte de Itália.

Chegado ao ermitério de Montepaolo, Frei António viveu mais de um ano no escondimento, na oração e no serviço humilde aos irmãos. O Senhor, porém, serve-se da circunstância de uma ordenação sacerdotal para fazer brilhar o dom da sua sabedoria. O Cronista conta que a pregação de António foi “ponderada, muito clara e breve”.
Assim, no final de 1222, teve que deixar o querido ermitério e dispor-se a ser missionário da Paz e do Bem.
A atual igreja, neogótica, foi consagrada em 1913, tendo a torre sido completada, em 1932.

A cidade de Pádua foi o centro da atividade apostólica de Frei António que, inclusive, exerceu o cargo de Ministro Provincial. Aqui, recolhia-se muitas vezes diante da imagem de Nossa Senhora da capelinha de Santa Maria, Mãe do Senhor. Daqui, partia para a sua missão de evangelização e de caridade, no Norte de Itália e no Sul de França.
Frei Lucas Belludi, empreendeu a construção da basílica, concluída em 1310. Trata-se de uma obra gigantesca, com vários estilos e muitas obras de arte.
A basílica incorporou a capelinha de Santa Maria, lugar escolhido por António para a sua sepultura.

As grutas são chamadas de Santo António, porque nelas descansou António, no final de 1226, numa das suas viagens a França.
As grandes campanhas de evangelização que o Santo levou a bom termo em terras de França e Itália, granjearam-lhe o título de Doutor Evangélico, atribuído pelo Papa Pio XII,
em 1946.
Desde então, a presença franciscana marcou o lugar de Brive, tornando-o meta de peregrinações, de espiritualidade, de retiro e de descanso.

As constantes viagens de António debilitaram as suas forças de tal modo que o obrigaram a refugiar-se no pequeno convento de Camposampiero, perto de Pádua. O Conde Tiso, tinha doado este lugar aos frades e tinha, também, mandado construir uma cabana entre os ramos de uma grande nogueira: era aí que o Santo meditava e pregava ao povo.
Certa noite, o Conde viu uma luz brilhar na cela de António. Movido pela curiosidade, espreitou e viu António, em êxtase, falando com o Menino Jesus.
A pedido de António, guardou para si este segredo até à morte do Santo.

António, estando em Camposampiero e sentindo a morte bater à porta, quis terminar os seus dias, em Pádua, junto da igreja de Santa Maria, Mãe do Senhor. Porém, já perto de Pádua, as condições de saúde agravaram-se e foi obrigado a pedir hospitalidade no mosteiro das Irmãs Clarissas de Santa Maria de Cella (atual Arcella).
Foi aqui que entregou a sua vida à irmã morte, depois de ter cantado o hino à Virgem gloriosa. Terminado o hino, levantou os olhos para o céu e disse aos confrades: “Vejo o meu Senhor!”.
Assim morreu, santamente. Era o dia 13 de junho de 1231.
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