Louvor da Terra

O filósofo sul-coreano (radicado na Alemanha) Byung-Chul Han é já conhecido do público português através da publicação de numerosos dos seus diretos e incisivos ensaios, onde a presença da pessoa numa sociedade hiper-digitalizada é refletida e colocada em questão. Agora, em Louvor da Terra, é-nos possibilitada uma abordagem diferente e original, fruto da experiência do autor com o trabalho de jardinagem.

Louvor da Terra é um conjunto de breves meditações em torno a um jardim comunitário, onde os ritmos e caraterísticas de cada flor são registados e acolhidos pelo autor com uma atenção verdadeiramente oriental (ou monástica), centrada na busca de cada simples elemento, mesmo do nome técnico de cada flor. Há também espaço para rápidas reflexões ou chamadas de atenção para o nosso modo de viver ocidental, ruidoso, poluído e artificial; mas a filosofia reconhece aqui a sua vocação de amor ao belo, à beleza e à bondade, de ligação com o trabalho natural, com o respeito dos passos e mudanças que a fragilidade de uma flor (e de cada pessoa) pede àquele que busca a sabedoria. A criação retoma, na vida particular do filósofo, o seu caráter divino, pedindo a aprendizagem do esmero, do louvor e da gratidão. Um livro bom e belo (também pelas suas dignas ilustrações), um convite à contemplação.

O trabalho de jardinagem foi para mim uma meditação silenciosa, um demorar-me no silêncio. Era um trabalho que fazia com que o tempo parasse e se tornasse fragrante. Quanto mais tempo trabalhava no jardim, mais respeito sentia pela terra e pela sua inebriante beleza. Tenho desde então a convicção profunda de que a terra é uma criação divina. (…) Algumas das linhas deste livro são preces, confissões, até mesmo declarações de amor à terra e à natureza.


Louvor da Terra
Autor: Byung-Chul Han
Edição: Relógio d’Água
Páginas: 152

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