Nasceu-nos um menino

A Palavra de Deus

Um menino nasceu para nós,
um filho nos foi dado.
Tem a soberania sobre os seus ombros
e o seu nome é: “Conselheiro-Admirável,
Deus forte, Pai-Eterno, Príncipe da paz”.

O seu poder será engrandecido numa paz sem fim,
sobre o trono de David e sobre o seu reino,
para o estabelecer e consolidar
por meio do direito e da justiça,
agora e para sempre.
Assim o fará o Senhor do Universo.

Isaías 9, 6

A palavra de Santo António

Nasceu para nós um Menino.

Refere S. Mateus sobre este menino: “Se não vos converterdes e náo vos tornardes como este menino…” (Mt 18,3). O menino, quando acorda no berço, chora; não se envergonha de estar nu; quando ferido recorre ao colo da mãe; esta, quando deseja desmamá-lo, coloca nos seios um produto amargo; não conhece a malícia do mundo; não sabe pecar; não faz mal ao próximo; não se ira; não odeia ninguém; não procura riquezas; não admira a glória deste mundo; não faz acepção de pessoas.

O menino é o penitente convertido, que outrora andou inchado pela soberba do coração, exaltado pela jactância das palavras, grande pela opulência das coisas; mas agora é menino, humilde, desprezivel aos próprios olhos. Quando desperta, quando recorda a vida passada, chora amargamente; nu e pobre por Cristo, não se envergonha de se manifestar na confissão; padecendo injúrias, não injuria, mas recorre à Igreja e ora pelos que o perseguem e caluniam.

A Mãe Igreja desmamou-o quando colocou a amargura das penas no seio do prazer carnal, que costumava chupar.

Sermões de Santo António, Natal do Senhor

Aprofundemos

No Natal, Santo António vê no filho dado por Deus Pai, o pecador convertido, o homem novo, nascido pela graça. Este, como as crianças que viu na sua vida familiar ou conheceu no seu ministério, é bom, simples, limpo da malícia do mundo. Não sabe alimentar sentimentos de ódio; é insensível, ao contrário dos ricos ou dos grandes do mundo, ao dinheiro e às honras e ama a todos sem distinção. Quando está doente ou chora, encontra consolo nos braços da sua mãe. Ao tornar-se homem novo, a Igreja, sua nova mãe, afasta-o dos antigos prazeres, fazendo-lhe ver o mal antigo; ele confessa os seus pecados sem vergonha e os repara de acordo com a justiça. Não fala mal, nem julga ninguém, pelo contrário, vê naqueles que o desprezam ou caluniam um justo julgamento de Deus e ora pela sua conversão. Esta mudança comove-nos, recorda-nos as tristes experiências do nosso passado e impele-nos a imitar o modelo que nos é proposto. O Natal é para todos nós, uma nova caminhada, uma nova vida, a exemplo daquela criança: “Se não vos tornardes…”.

António vai ainda mais longe quando nos apresenta as qualidades com que Deus nos revestiu: como o novo menino, somos “conselheiro admirável, Deus todo-poderoso, Pai eterno, Príncipe da paz, capazes de fazer reinar a lei e a justiça agora e para sempre…”. Quanto é belo o futuro, assim o é a missão que Jesus Menino confia a quem se torna um homem novo.

É “admirável” e como Jesus, humilde, pobre, paciente na dor e do seu coração novo brotam maravilhas.
É um “conselheiro” que entende e aconselha o próximo nas suas dificuldades espirituais e corporais.
Ele é “Deus”, filho de Deus, herdeiro do seu reino, destrói todo o orgulho e toda a inclinação para o mal.
Ele é “Pai eterno”, pois pode, pela palavra e pelo exemplo, gerar outros filhos para a igreja.
Como “Príncipe da paz”, saberá, com leis justas e sábias, restaurar a paz nos corações e no mundo.

Na verdade, com ele – diz-nos António – na oração e no silêncio, viveremos a paz do coração.

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