Natal em tempo de Pandemia: um pensamento ecológico

De há trezentos anos a esta parte a Humanidade alterou radicalmente a sua relação com a Natureza e com ela própria.

A partir do século XVIII a ciência estudou e aprendeu a dominar a energia fóssil e nuclear, a transformar em eletricidade o movimento dos rios e dos ventos, a manipular os genes dos organismos e a escrever algoritmos de inteligência artificial para emprestar um semblante de raciocínio a autómatos.

Passámos a viver mais tempo, mais confortavelmente, mais esclarecidamente, mais previsivelmente. Dir-se-ia que o único mistério das coisas passou a ser o de não terem mistério nenhum – até ter chegado a pandemia de 2020 e nos ter abalado a ilusão de estarmos ao abrigo de contrariedades naturais. Esta ilusão é vã (como todas as ilusões, por definição) e de todo alheia ao ideal de Sabedoria ensinado pelas Sagradas Escrituras.

O cristianismo teve sempre como pano de fundo o mistério da existência, imprevisível, inabarcável. Compreender a Técnica ou a Ciência é necessário, porém insuficiente para vivermos. Não é mister do cientista nem do engenheiro sacralizar a vida, exaltar o amor ou amparar o luto perante a morte: essas tarefas competem à religião e às artes que a apoiam.

Em contrapartida, a Ciência e a Técnica esclarecem-nos sobre as condições materiais em que vivemos – e lançam-nos importantes alertas.

Pelo início da Era Cristã habitavam o planeta cerca de 170 milhões de seres humanos, cujas vidas eram paupérrimas e, em geral, ceifadas durante a juventude pela doença, pela fome ou pela guerra. Os ensinamentos cristãos ensinavam – como ainda ensinam – os fiéis a empenharem-se em viver religiosamente o momento presente, não buscar o sentido da vida na acumulação de riquezas inúteis, a buscar a luz no amor ao próximo e na devoção à bondade.

Hoje somos 7.800 milhões, incomparavelmente mais ricos (em média) e mais longevos. O facto de compreendermos a célula e o átomo faz-nos por vezes pensar que por extensão já compreendemos o sentido da vida e apreendemos a correta noção das prioridades – e que a maior delas é consumir objetos e por meio deles conquistar estatuto social. Sucede que a Natureza não suporta tais caprichos.

Veio o ano 2020 da Era Cristã e com ele a pandemia COVID-19. Confinados em nossas casas, passámos a constatar como são inúteis as pilhas de objetos que muitos de nós acumulámos em casa: objetos tantas vezes poluentes e causadores da crise ecológica actual; tantas vezes produzidos em condições de semi-escravatura no outro lado do mundo, causando crises sociais; objetos que de nada servem a quem morrer prematuramente devido ao coronavírus.

Começou entretanto o Advento. Com ele recebemos de novo a mensagem cristã a mesma que nos interpela há dois mil anos, na paz e na guerra, na saúde e na doença, e nos ensina a lidar com a natureza e seus mistérios. No seu imo, trata-se da mensagem mais simples e poderosa de todas: o segredo e o sentido da vida é amar.


Evolução da População mundial

Apontamento da Redação, Fonte: Nações Unidas – https://population.un.org/

O Museu de História Natural dos Estados Unidos fez uma linha do tempo, transformada em vídeo, onde mostra a evolução da população mundial desde o ano 100 mil antes de Cristo, até os nossos dias.


É impressionante constatar a evolução da população mundial nos últimos dois séculos. A explosão demográfica fez a Terra passar de 1000 milhões, para 7000 milhões de habitantes. Isso é ainda mais significativo tendo em conta que, para atingir os primeiros 1000 milhões de pessoas, o planeta levou 200 mil anos.

O vídeo começa com os humanos habitando a África e iniciando a migração para outros continentes por volta de 100 mil antes de Cristo. Até o ano 10 mil A.C. a população estimada da Terra era de um milhão de pessoas, porém, com o advento da agricultura atingiu 170 milhões no ano 1 depois de Cristo.

A população continuou a crescer até meados do ano 1300, quando o mundo foi atingido por uma pandemia de peste bubónica, que provocou um declínio populacional. Depois o crescimento foi recuperado, até chegar ao boom populacional dos últimos 200 anos. A estimativa é que o planeta chegue aos 9000 a 11000 milhões de pessoas, em 2100. A evolução real vai depender, no entanto, de vários fatores de incerteza, como a taxa de natalidade, a distribuição da riqueza gerada, o acesso aos sistemas de educação e saúde, desastres naturais e ecológicos, guerras e pandemias.

Foto da capa: Fotografia do céu noturno com tempo de exposição lento, monte Machapuchre, Nepal, 21 dez 2020. Foto: EPA / Narendra Shrestha.

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