15 de fevereiro, Festa da Língua

Na devoção antoniana, o mês de fevereiro é marcado tradicionalmente pela festa da língua, que decorre a 15 de fevereiro.

Depois de morrer em Arcela, a caminho de Pádua, a 13 de junho de 1231, o corpo de Santo António foi trasladado para Pádua, para a igreja de Santa Maria, na terça-feira seguinte, a 17 de junho, dia que ficou marcado por inúmeros milagres e marcou as terças-feiras com um significado especial para a devoção antoniana.

A segunda trasladação foi realizada a 7 de abril de 1263, já no interior da basílica que se tinha começado a construir após a morte de Santo António, em torno da antiga igreja de Santa Maria. Na ocasião, veio a Pádua o seráfico S. Boaventura, mestre regente de teologia em Paris, ministro geral da ordem de S. Francisco, que na cerimónia encontrou a língua e o aparelho fonético de Santo António intactos.

Foi esta trasladação uma das mais ruidosas, não só pelo concurso de gente e pelo grande personagem que a celebrou, como também pelo prodígio nunca visto, nem ouvido até então, de outros Santos, de que a língua, parte facílima de corrupção, tivesse ficado intacta e vermelha, tendo-se corrompido todo o corpo.

Manuel de Azevedo, Vida do Thaumaturgo Portuguez Santo António de Pádua, 1909, p.168

Em 1277, iniciou-se a construção de uma nova capela para colocação das relíquias. A terceira trasladação ocorrerá solenemente no dia 15 de fevereiro de 1350, na presença do Cardeal Guido de Monfort. O corpo do santo foi colocado numa arca de prata, separando-se o crânio, o queixo e outros ossos que S. Boaventura já tinha também separado, e colocada a língua incorrupta num magnífico relicário de prata.

Em junho de 1745, o então cardeal Rezzonico, bispo de Pádua e futuro Papa Clemente XIII, faz nova e solene trasladação das relíquias de Santo António para uma nova capela onde se veneram, até hoje.

Assim, o dia 15 de fevereiro evoca a memória destas três trasladações do corpo de Santo António, feitas respetivamente pelo cardeal S. Boaventura, pelo cardeal Guido e pelo cardeal Rezzonico, bispo de Pádua e depois papa Clemente XIII.

Em Lisboa, a festa era celebrada na Real Casa de Santo António pelo Senado da cidade, que assistia ao ofício de vésperas (dia 14 à tarde) e, na manhã de 15 de fevereiro, à celebração da missa com sermão.

Foto da capa: Pagela S. Antoni – ora pro nobis, com imagem do relicário com a língua, 1940. Edição Messaggero di S. Antonio, Basilica del Santo, Padova. MLSA.IMP.1590

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