Um ateísmo prático

Senhor padre, sou mãe de quatro filhos, que tentei educar na Fé, mas por vários motivos não consegui. Sempre trabalhei, tive uma vida muito instável e também nunca tive muitos conhecimentos a respeito da religião. Por algum tempo ainda frequentámos a Igreja, mas agora, os meus filhos, que já estão casados e com família, declaram-se todos agnósticos. Tentei reverter a situação, mas neste momento acho que me acomodei à maneira de pensar dos meus filhos, embora por vezes sinta uma grande insatisfação. Rosa Maria

Cara leitora, esta é a atitude de muitos irmãos nossos diante de Deus. Hoje é muito raro encontrar ateus convictos. Na realidade, aquilo que acontece é uma ausência total da procura da verdade. Grande parte daqueles que dizem não acreditar em Deus fazem-no sem terem feito nenhum esforço para o procurar. O mesmo acontece com os agnósticos; estes deveriam ser pessoas que colocaram questões sobre Deus e afirmam que por não encontrarem razão para crer nele, suspendem o juízo. É uma procura que termina numa dúvida.

Mas aquilo a que assistimos hoje é a um desinteresse sobre a questão de Deus. Muita gente não deseja minimamente conhecer a verdade. É indiferente saber se Ele existe ou não, tanto faz.

Será que este modo de agir revela a nossa inteligência ou maturidade? Será que esta indiferença, que tem como consequência a ausência de Deus na vida, faz de nós pessoas mais felizes e realizadas? No fundo, vive-se um “ateísmo prático”. Por isso, este agnosticismo não se conclui com uma dúvida, mas com uma tomada de posição prática, que não deixa lugar a interrogações. E se estão enganados? Esta pergunta deveria fazer pensar, mas por vezes andamos anestesiados. Muitos preferem viver uma vida vazia e sem sentido a deixarem-se interrogar pelo mistério de Deus. Ele está próximo! Mas quem O procura? Porém, não chega à verdadeira felicidade quem vive duma forma acomodada, sem se deixar interrogar pelas grandes questões que nos definem como humanos.

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